Partiu hoje, 18 de março, vítima da Covid, o camarada Júlio César Portela Lima. Júlio era estudante e bancário no final dos anos de 1960, quando ingressou no PCdoB. Juntamente com um punhado de valorosos camaradas, foi um dos protagonistas da greve dos bancários de 1968, que desafiou a ditadura militar.
Em 1970, foi levado para depor, mas logo liberado. Em 1973, quando a ditadura promoveu uma verdadeira razia contra o PCdoB no Ceará, Júlio foi preso, juntamente com cerca de três dezenas de militantes e dirigentes do Partido. Desta vez, encontrou pela frente uma fúria criminosa por parte do aparato policial. Barbaramente torturado, repetidas e mais repetidas vezes, não se dobrou. Militantes que foram presos com Júlio no mesmo período relatam o diálogo da sua mãe com um dos seus algozes. Respondendo porque não poderia ver o filho, um deles reclamou que ele era “queixo duro”, por isso não podia ainda receber nenhuma visita. “Queixo duro” era a expressão utilizada para significar que Júlio se recusava a admitir qualquer acusação e a entregar qualquer companheiro. Submetido a seguidas sessões de tortura, levado de um lado a outro, ameaçado de morte a todo momento, Júlio reagiu com coragem, altivez e uma firmeza inquebrantável. As torturas deixaram sequelas na sua saúde, mas não foram capazes de mudar o seu caráter e o seu espírito revolucionário.
Benedito Bizerril, dirigente estadual do PCdoB, amigo e camarada de Júlio desde as jornadas de 1968, destaca “a lealdade, a firmeza, a assombrosa coragem, a determinação revolucionária, bem como a amizade e a fraternidade com que brindava os seus amigos”, afirmando ainda que “sua partida deixa uma imensa lacuna e uma dor imensurável em todos os que conviveram com ele”.
No ano passado, Júlio César concedeu uma longa entrevista ao Núcleo de Documentação Partidária – NUDOP – do PCdoB-Ceará. Nela, discorreu sobre a sua trajetória, falou sobre a prisão, as torturas, a perseguição que se seguiu no trabalho, e a sua saída do Ceará para São Paulo, onde morou até agora. Reafirmou suas convicções e se mostrou extremamente preocupado com a ameaça fascista sobre o Brasil. Ainda no ano passado, participou do Curso de Iniciação ao Marxismo promovido pelo PCdoB no Ceará, e esteve presente também em atividades virtuais das campanhas do Partido em Fortaleza.
Júlio César Portela Lima partiu hoje, aos 73 anos. Partiu o comunista que se portou sempre com firmeza autenticamente revolucionária, partiu o homem leal e fiel aos seus amigos e companheiros. Os comunistas do Ceará prestam homenagem a Júlio Portela e se solidarizam com a sua família e com a sua numerosa legião de amigos. Somos solidários com a dor que todos passam neste momento. Continuaremos na luta por uma pátria socialista e soberana, a forma mais justa de dar continuidade à luta e ao legado deste valoroso camarada.
Nossos corações estarão sempre com este combatente.
Ao nome de Júlio César Portela Lima, respondemos: PRESENTE! HOJE E SEMPRE!
Comitê Estadual do PCdoB Ceará, 18 de março de 2021.